quarta-feira, agosto 30, 2006

Sai mais uma restrospectiva...com muito gelo, que o calor ainda aperta!


O último post que aqui deixei, coincidiu na data, com o lançamento de mais uma retrospectiva.
E sou obrigado a utilizar esta palavra, não por falta de imaginação, mas porque de uma "Retrospective" se trata! Assim literalmente! Mais uma - dirão, e com razão. E sabem que mais? Transporta tanta qualidade que até me esqueço das minhas birras com a falta de inspiração deste ano. Se houvesse medalhas para os álbuns que saem anualmente, eu votaria a favor de um ouro pra este senhor.
Foi por alturas da "descoberta" Nicola Conte, que também conheci Laurent Garnier. A caminho do Porto, para um concerto do italiano, questionava-me quando iria ter a oportunidade de assistir ao pai de "The man with the red face" (O meu tema favorito). Ainda não tive essa sorte, mas este álbum vai compensando a espera.
Iniciando a sua carreira em 1994, Laurent Garnier bebeu de tudo o que a velha Albion tinha para lhe oferecer. Desde o house ao trance, do underground nova-iorquino, techno de Detroit, acid-house, estancando depois no jazz de fusão. Quase que dava para dizer que criou de propósito a editora F Communications, só para escoar tanta e boa música, por si produzida.
É um dos djs mais bem sucedidos e requisitados em todo o planeta, e só a sua modéstia poderá esplicar tanto anonimato (sendo um francês, isto é verdadeiramente dificil de engolir). Os exemplos de reconhecimento não precisam de vir de nós! Há quem já o tenha feito, não só aplaudindo o seu extenso trabalho, mas também encomendado produções e remisturas. Falo de nomes com tão pouco em comum, como Van Morrison e Serge Gainsbourg, ou St.Germain e Frederic Galliano.
A nós consumidores, compete-nos a função de apreciar o seu trabalho! E como a única vantagem que eu encontro num best of, é a de conhecer melhor a história de um artista, resta-me sonhar que este álbum se torne num dos mais aclamados do ano! Não por trazer algo de novo! Mas pelo tanto que já foi oferecido à música por este francês, e o distraído que alguns têm estado!
As dádivas têm o condão de serem apreciadas em data póstuma. Que o mesmo não se passe com este "Retrospective". Um álbum de temas bomba (para pistas de dança), remisturas e versões, pintado com as cores da ousadia e da versatilidade, e o arrojo de um artista de espírito lutador.


terça-feira, agosto 29, 2006

Dois em um: retrospectiva e homenagem!


Quando o meu processo de "culturização" musical rumou ao mundo dos beats computorizados e electrónicos, duas bandas surgiram à cabeça, e funcionaram como íman, apegando-me sem apelo, e sem o consequente agravo, ao que hoje é denominado por trip-hop, ou por outros por dub.
Há uns tempos falei das catalogações das músicas, e por isso não vou relembrar a minha opinião.
Essas duas bandas foram os norte-americanos Thievery Corporation, e a banda de hoje, os britânicos Fila Brazillia.
Hoje em dia, pouca visibilidade têm tido no Deep Café, e graças a Deus surge este Best Of (de qualidade, assuma-se!), para me relembrar deles, relembrá-los a vós, e mostrá-los aos distraídos! Esta retrospectiva percorre 16 anos de sucesso contínuo, iniciados em 1990, em Hull, no nordeste da Inglaterra, por Steve Cobby e Dave McSherry. Além do referido trip-hop, também é normal e frequente encontrarmos exercícios exímios de nu-jazz e ambient. Começando em "Old Codes New Chaos", a carreira destes moços promove-se sozinha com o lançamento de sucessivos álbuns, remisturas e em colectâneas da especialidade, e ainda nas bandas sonoras das séries CSI e Sexo e a Cidade. "Maim That Tune", "Mess", "Black Market Gardening", "Luck Be A Weirdo Tonight" e "Power Clown" pela editora Pork Recordings, antecedem a inauguração da sua própia label designada por Twentythree Records. Com este selo, saem mais tarde "A Touch Of Cloth", "Jump Leads", "The Life And Times Of Phoebus Brumal", "Dicks", e este "Retrospective".
Estes 10 álbuns recheiam uma carreira com sucesso e mérito, mas na verdade, também premeiam quem os acompanhou com regularidade. Os inícios contagiantes do trip-hop e do ambient-house, deram lugar a uma acalmia com sons mais acústicos, que sem retirar qualidade ao trabalho made in Fila Brazillia, no mínimo confundiu e baralhou os fãs mais conservadores. "Brazillification" foi o duplo álbum de remisturas que manteve a chama viva, e que os reafirmou solidamente, retirando a acusação de terem desaprendido com a idade. A música de dança é inconstante e àrdua, mas os Fila Brazillia são regulares na sua bitola. Esta parceria é das melhores que temos na cena electrónica, e este "Retrospective" prova-o! Sem espinhas!

quarta-feira, agosto 23, 2006

Clara Hill - Clara Hill meets Vikter Duplaix


Quem também tem novo(s) trabalho(s) é a ex-vocalista dos própios Jazzanova. Falamos de Clara Hill, que lançou "All I Can Provide" (que esperamos ansiosamente), e que simultâneamente se juntou a Vikter Duplaix, para em conjunto produzirem o sugestivo "Clara Hill meets Vikter Duplaix". Um tema só, lançado num Ep, que aporta mais duas remixes. O belíssimo "Paper Chase" encontra-se também em duas novas roupagens (Spleen Remix e Instrumental). Bom lounge atmosférico que se imiscui em dub ritmado e ambiental. Sugestões pós-férias do Deep Café, mas que ainda vai a tempo de adornar a pausa laboral de muitos, que se encontram sob o sol quentinho deste nosso quintal à beira-mar colocado.

Jazzanova - Paz e Futebol


Mesmo os que não gostam de futebol terão de admitir que as influências do Mundial fizeram-se sentir um pouco por todo o mundo e principalmente no país anfitrião. Mas felizmente, quem não gosta desta modalidade desportiva teve uma alternativa. A cargo da editora alemã Sonarkollektiv fundada pelos berlinenses Jazzanova, temos uma colecção de temas que foram recolhidos tendo como tema de fundo o futebol.
Já que os brasileiros são um dos expoentes desta práctica, a escolha recaiu sobre o samba e a bossa-nova. Jazz, drum n'bass e funk são alguns dos estilos practicados pelos Jazzanova, mas nada os impede de se movimentarem por outros meios, uma vez que a sua versatilidade assim o permite.
Jürgen von Knoblauch, Alexander Barck e Claas Brieler são os djs e a alma deste projecto que mais uma vez estiveram nos bastidores deste novo lançamento. Menos electrónico do que se poderia esperar (para um álbum comentado pelo Deep Café), é incontornável a referência a este trabalho uma vez que os Jazzanova são presença constante nas nossas playlists.
No espaço temporal que vai desde 1967 a 2003, podemos então encontrar nomes bem conhecidos e que defendem com qualidade a bossa e o samba: João Bosco, Marcos Valle, Conjunto 3D, e Djavan são alguns dos bons exemplos. É um álbum simpático que cai bem nas tardes de verão, principalmente quando estamos de férias, e ainda mais se se está na praia. Esperam-se boas remixes deste álbum, dos própios Jazzanova, e de outros nomes que compõem a editora Sonarkollektiv.