quarta-feira, julho 26, 2006

Finalmente uma colectânea digna desse nome!!!


Quando se fala de jazz de fusão, é sempre fácil recorrer a clichés como St.Germain ou De-Phazz. Mas agora...que tal recorrer a outro nome, que com apenas 24 aninhos, é dos produtores mais arrojados na onda funk e do jazz de fusão? Falamos do britânico Will Holland, que costuma vestir a máscara de Quantic, e envereda pelos caminhos mais quentes, melódicos e atractivos da actualidade.
Nas playlists do Deep Café, são constantes as presenças de temas retirados dos álbuns "5ºth Exotic", "Apricot Morning", e "Mishaps Happening". E agora, em jeito de oferta a todos os fãs, uma dupla colectânea recheada de lados B e de remisturas dos temas de Quantic, ou do própio Quantic.
Em cima falámos de clichés, mas este cliché agora é outro. É o que já falámos em relação a outros álbuns lançados este ano. Temos uma barriga farta de Best Of, ou de álbuns de remisturas de velhos temas. Este não foge à regra sagrada do ano, mas vale ouro, e vale por todos os outros. "One Offs Remixes & B-Sides" é uma excelente prova do inegável e inesgotável talento que Quantic (Will Holland), tem para oferecer ao mundo! O que mais fascina, é sua curta existência no planeta Terra, "rivalizar" com monstros sagrados da música electrónica. Este rapaz respira e transpira funk, jazz e downtempo!
Com este trabalho, Quantic atinge um nível muito maduro, só comparável a nomes como Mr.Scruff ou Oscar Sulley. E o realce vai essencialmente para o grande trunfo deste trabalho: a alma que permanece intacta, e nunca perde a identidade puramente Quantic.
No global, apenas uma palavra para o definir: Obrigatório! Até é aconselhado mesmo para quem não gosta de jazz ou funk, porque podemos ainda encontrar espalhados pelos vários temas, as sementinhas do dub, soul, bossa nova ou ambientes latinos e africanos.
Não podia ir de férias sem deixar o último post. E aviso já que a viagem será sempre ao som deste mocinho e do seu "One Offs Remixes & B-Sides".

terça-feira, julho 25, 2006

A feliz evolução de uma carreira


Fez agora pouco mais de um ano que saiu à rua, o primeiro trabalho a solo de Róisín Murphy. Quem?!...É normal...pelo nome, nem todos lá vão. Mas muitos saberão, ou passam a saber que é a vocalista dos Moloko, que arrancou para a "normal" carreira a solo.
A emancipação musical surge braço dado com o mestre Matthew Herbert. E foi graças ao post no início do mês, baseado no mais recente álbum de Herbert "Scale" que se sugeriu recuperar este "Ruby Blue".
À medida que escuto o álbum, e ao mesmo tempo escrevo este post, concluo que seria mais fácil dizer que os Moloko ficaram sem vocalista, pois esta teria-se junto a Herbert. Mas estaria a ser mauzinho e a tirar mérito a Róisín. (De facto os Moloko separaram-se, mas não por este motivo). As orquestrações à la Herbert são a grande base, e trunfo deste álbum, que funde sonoridades jazz, com R&B. O que era suposto surgir como pano de fundo, acaba por resultar como intérprete principal, numa aliciante viagem electrónica.
Sentem-se por vezes lutas de protagonismo entre a excelente voz de Róisín e as melodias de Herbert.
Este "Ruby Blue" passou sem dúvida, ao lado de 2005, sendo fundamental recuperar e recordar a sensualidade que transpira, e o carisma luxuriante que adorna e adjectiva esta fenomenal parceria. Róisín tem as portas abertas para mais álbuns de sucesso, basta continuar a escolher, e bem, as companhias musicais. Antes de fecharmos a loja, para férias (vá lá...só o mesinho de agosto), fica ainda a esperança de conseguir postar um comentário ao concerto dos Gotan Project, aquando da passagem por terras lusitanas. Boas férias, e bons sons!

terça-feira, julho 18, 2006

Voom!...Voom!...Peng!!!...Peng!!!...


Há bem pouco tempo, Peter Kruder respondeu afirmativamente a um possível regresso da dupla de maior sucesso da Áustria, Kruder & Dorfmeister. Estranhamente, e quando é suposto esperarmos por um novo àlbum, surgem obras dos seus projectos paralelos. Poderíamos atribuir a culpa do atraso a Richard Dorfmeister que só este ano, já lançou com os Tosca o àlbum "Souvenirs", e com os Madrid de los Austrias, o àlbum "Grand Slam". Poderíamos...mas nem sequer sabemos se eles de facto se vão reunir de novo! E Peter Kruder também tem culpa por este desinteresse na reunião. Os Peace Orchestra acalmaram e deram-lhe mais tempo de manobra, mas andou atarefado com o lançamento de "Peng Peng" por por parte do trio Voom:Voom. Um projecto de luxo que reúne grandes nomes da cena electrónica. Juntamente com ele operam Roland Appel e Christian Prommer (os dois alemães, mais conhecidos como Fauna Flash e ainda parte integrante de Trüby Trio, juntamente com Rainer Trüby). É sem dúvida a vertente mais dançante que Kruder nos pode oferecer. É também o àlbum mais ritmado que aqui passou pelo Deep Café. Atingimos sonoridades como o deep-house, algum electro-funk à mistura, techno à la Detroit, e house refrescante. Recheado de vozes mecanizadas e robóticas, temos ambientes metálicos e envolventes, que passam a decorações tipo lounge. A crítica tem sido impiedosa, pois como é claro, grandes nomes implicam grandes resultados, o que nem sempre acontece. Mas não considero um mau àlbum, longe disso! Depois de muitos maxis lançados, este é o àlbum de estreia, que tenta suplantar a herança deixada. E consegue ser bem consistente, e com singles que vão rodar facilmente neste 2006. As apostas vão claramente para "Sao Verought", "Best Friend", "Vampir Song" e "Baby3". Sugestão da !K7 com o apoio Deep Café, claro está!

segunda-feira, julho 17, 2006

Viena em Madrid


Tudo começou com a dinastia dos Habsburg que reinou em Espanha, e que enriqueceu a cidade, e de que forma, com palácios e monumentos. A esta época de prosperidade designou-se Madrid de Los Austrias, tudo fruto da notável obra cultural que assolou Madrid.
Séculos mais tarde, aproveitando as suas origens, e as influências das sonoridades hispânicas, surgem os Madrid de Los Austrias versão séc. XXI (MDLA), composto por Hienz Tronigger e Dj Pogo. Como padrinho de baptismo, quem melhor que Richard Dorfmeister? As raízes comuns de Viena serviram de pretesto para uma constante colaboração nos projectos dos MDLA. Funciona como o terceiro elemento, menos visível, e mais de estúdio.
Depois do muito bem recebido álbum de 2005 (Más Amor), nada melhor que seguir as tendências deste enfadonho ano de 2006, em que o mote está dado com grandes nomes da música electrónica a pouparem esforços. As directrizes estão lançadas, e o horizonte está definido com álbuns de remisturas e colectâneas. Ou seja, nada de novo! E é pena porque estes senhores já provaram ser capazes de bons resultados.
O lançamento deste album, coincide propositadamente com a temporada do ténis austríaco. Mas "Grand Slam" coincide com algo mais. Entra no jogo pouco original dos serviços perdidos, e dos Aces deseperados, em busca de tempo e recuperação. Desnecessáriamente!
"Grand Slam" baseia-se em dez temas, cuja divisão 5/5 vai para remisturas de originais dos própios MDLA, e as restantes mixes para temas dos Koop, Pressure Drop, Zero 7, Groove Armada e Willi Bobo. Boas remixes, numa tracklist poderosa, é certo! Mas há também um amargo de boca quando se esperava algo de novo e original para este Verão. No entanto, no meio de tanta pobreza na cena músical electrónica, salva-se a honra do convento (ou do set, se preferirem termos tenísticos), porque mesmo não sendo um album extraordinário, acaba por ser dos albuns mais alegres e frescos, editados ultimamente pela G-Stone.
Uma nova remistura para Valdemossa, a tal da participação da voz de Pelé. Muitos apontamentos Dub e Deep-House, definem os padrões de "Grand Slam". Espaço ainda para um cheirinho jazzístico em "Relaxin´at Club Fusion" e funk em "Boogie No More".
Mais uma recomendação com selo Deep Café, que apesar de ter suspendido a emissão semanal na RUBI (por motivos de férias), promete regressar em breve.

quinta-feira, julho 06, 2006

A primeira publicidade do Deep Café

Com pouco orçamento, ou mesmo quase nenhum, lá conseguimos a nossa primeira publicidade! É kitch, naif, folclórico...o que quiserem chamar, mas tá giro! Cá vai então...e emitido na Bombay TV! Ahhh...apoios precisam-se!

segunda-feira, julho 03, 2006

Uma escala bem descontraída


O compositor Matthew Herbert lançou em finais de Maio, o seu mais recente álbum "Scale", que passa a integrar uma longa lista iniciada em 1996 que já passou a dezena.
Talvez também o conheçam como Doctor Rockit, Wishmountain, Radio Boy ou Transformer. Sendo considerado o mais acessível e mais orelhudo, este "Scale" conta com a participação de Dani Siciliano, a sua companheira sentimental e musical.
Apesar destes pseudónimos todos, Herbert foi sempre o mesmo desde o início da carreira, e até aos dias de hoje. Musicalmente falando, os seus passos são dados pelas coordenadas da electrónica experimental, house, tecno e jazz melódico. Torna-se ingrato e suspeito falar deste britânico pois é o caso típico de uma dicotomia Amor/Ódio. Para muitos é um mestre, mas arrojado também é um apelido que se adequa, quando não se consegue definir a sua música.
É por isso que este álbum é a odisseia mais tranquila e calma que podemos apreciar. Algo do género de uma miscelânea pop com alma, fusionado pelas linhas da integridade, inteligência e engenho. O sucessor do arrojado «Plat Du Jour», de 2005, conta com uma grande curiosidade que é o uso de 723 objectos/sons diferentes para a sua composição, a que se adicionam as colaborações de Neil Thomas e Dave Okumu.
Escala, a tradução literal para este àlbum deve-se à tentativa de exploração de conceitos como a distância. O interesse do compositor está depositado na ideia de escala, em que por exemplo, ao piano, a cantar é uma única unidade musical, enquanto que noutras canções essa escala é aumentada, existindo 80 ou 90 pessoas a tocar numa orquestra, em que se utilizam 300 pistas de áudio. A aposta desta semana no Deep Café passa por este "Scale", assumidamente desinteressado nos riscos da produção descontraída de um àlbum (tendo em conta o gabarito do autor), e que pode por isso, atrair e provocar a curiosidade do público. Muito Jazz de texturas luxuriantes, alguns ritmos sensuais baseados no house, e os "normais" ruídos electrónicos das orquestras de marca Herbert. Quem não o conhece, aproveite para se iniciar agora!