segunda-feira, julho 03, 2006

Uma escala bem descontraída


O compositor Matthew Herbert lançou em finais de Maio, o seu mais recente álbum "Scale", que passa a integrar uma longa lista iniciada em 1996 que já passou a dezena.
Talvez também o conheçam como Doctor Rockit, Wishmountain, Radio Boy ou Transformer. Sendo considerado o mais acessível e mais orelhudo, este "Scale" conta com a participação de Dani Siciliano, a sua companheira sentimental e musical.
Apesar destes pseudónimos todos, Herbert foi sempre o mesmo desde o início da carreira, e até aos dias de hoje. Musicalmente falando, os seus passos são dados pelas coordenadas da electrónica experimental, house, tecno e jazz melódico. Torna-se ingrato e suspeito falar deste britânico pois é o caso típico de uma dicotomia Amor/Ódio. Para muitos é um mestre, mas arrojado também é um apelido que se adequa, quando não se consegue definir a sua música.
É por isso que este álbum é a odisseia mais tranquila e calma que podemos apreciar. Algo do género de uma miscelânea pop com alma, fusionado pelas linhas da integridade, inteligência e engenho. O sucessor do arrojado «Plat Du Jour», de 2005, conta com uma grande curiosidade que é o uso de 723 objectos/sons diferentes para a sua composição, a que se adicionam as colaborações de Neil Thomas e Dave Okumu.
Escala, a tradução literal para este àlbum deve-se à tentativa de exploração de conceitos como a distância. O interesse do compositor está depositado na ideia de escala, em que por exemplo, ao piano, a cantar é uma única unidade musical, enquanto que noutras canções essa escala é aumentada, existindo 80 ou 90 pessoas a tocar numa orquestra, em que se utilizam 300 pistas de áudio. A aposta desta semana no Deep Café passa por este "Scale", assumidamente desinteressado nos riscos da produção descontraída de um àlbum (tendo em conta o gabarito do autor), e que pode por isso, atrair e provocar a curiosidade do público. Muito Jazz de texturas luxuriantes, alguns ritmos sensuais baseados no house, e os "normais" ruídos electrónicos das orquestras de marca Herbert. Quem não o conhece, aproveite para se iniciar agora!

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